Para o grande e saudoso mestre Luís Carlos Alborghetti, ter culhão era sinônimo de macheza. O metal, desde a fundação do estilo, com o Black Sabbath, é um verdadeiro sinônimo para culhão. E alguns dos caras que já passaram pelos quase 60 anos do estilo conseguiram se tornar grandes lendas devido a seus atos de virilidade. Segue abaixo o Top 10 dos caras mais tr00 da história do rock/metal.
10 - Dave Mustaine (Megadeth)
Quack! |
9 - Glenn Danzig (Misfits, Samhaim, Danzig)
8 - Freddie Mercury (Queen)
Bissexual assumido, Farrokh Bulsara, mais conhecido sob o pseudônimo Freddie Mercury, veio a falecer em 1992, vítima das complicações causadas pela AIDS. Era vocalista de uma banda chamada Queen - o nome, segundo Freddie, era um nome "forte, impactante". O que tem de masculinidade nisso? Tudo! O Queen ocupa hoje o panteão das bandas intocáveis da história do rock, lar de uma meia dúzia de privilegiadas. Freddie Mercury, por sua vez, não raro, é listado entre os melhores vocalistas de todos os tempos. E não por não merecer: seus falsetes são tidos por muitos como os mais perfeitos da história, e sua versatilidade era algo invejável. Deus salve a rainha!
7 - Johnny Zazula
Assim como Mustaine, outro nome ligado aos primeiros anos do Metallica. Johnny Zazula (ou Johnny Z, se você se julgar íntimo o bastante) era dono de uma conceituada loja de discos em New Jersey, e foi avisado por amigos da costa oeste dos EUA (a citar, Brian Slagel, Mark Whittaker e Ron Quintana) de que uma nova banda emergia na cidade de San Francisco. Após ouvir a demo No Life 'Til Leather, lançada em 1981 e gravada com o auxílio de Brian Slagel, Zazula concordou em financiar o disco do Metallica. Só tinha um problema: ele não tinha uma gravadora. O que ele fez? Simplesmente vendeu a sua loja e toda a sua reputação construída ao longo de anos para fundar seu selo, a Megaforce Records, que viria a gravar o disco que hoje é o Kill 'em All (1983). Ainda bem que o Metallica foi pra frente (e como foi!), não é, mr. Z?
6 - Abbath Doom Occulta (Immortal)
Talvez você não conheça Olve Eikemo. Pois saiba que ele é simplesmente uma das cabeças mais influentes da cena black metal, que por si só já é o estilo mais tr00 do metal. Abbath é o mentor do Immortal, banda norueguesa de Bergen. Enquanto a maioria das bandas pregavam mensagens anti-cristãs e pagãs em sua música, e também fora dos palcos (que o digam as 52 igrejas destruídas e as mais de 15.000 tumbas violadas pelos membros do movimento conhecido como Inner Circle), o Immortal nunca foi uma banda assim tão expoente do extremismo do black. Até aí, nada de realmente relevante... Mas vamos considerar que Abbath já passou pelo baixo, migrou para a bateria (em uma época em que o Immortal se resumia a ele e seu companheiro fiel, Demonaz) e hoje é guitarrista, tecladista e, claro, vocalista. Ainda não é o suficiente? O Inner Circle ameaçou de morte o vocalista da banda sueca Therion, Christofer Johnsson. Não só isso: atearam fogo na casa do pobre vocalista da banda de symphonic metal, um estilo gay demais na visão do clube-do-Bolinha anti-Cristo. Com o Immortal? Nunca ousaram sequer chegar perto deles, apesar de serem noruegueses como os caras do Inner Circle.
5 - Tom Araya (Slayer)
O que você faria se fosse um cara de família cristã tradicionalíssima, baixista e vocalista em uma banda de thrash metal, cujos demais integrantes são todos ateus? Você pensaria em cantar algo assim?
Religion is hate! Religion is fear! Religion is war! Religion is rape! Religion is obscene! Religion is a whore! | Religião é ódio! Religião é medo! Religião é guerra! Religião é estupro! Religião é obscena! A religião é uma puta! |
Amigos, este é Tomás Enrique Araya. Para Tom Araya, não importa o que você canta, o que importa é que deus ama a todos nós (o oposto do que o Slayer quis dizer com seu álbum de 2001, God Hates Us All, mas tudo bem). Palavras do próprio: "As pessoas não sabem bem onde devem buscar suas crenças, seja por causa de um livro ou história que alguém escreveu, ou uma música do Slayer". Araya é um cara foda simplesmente porque não liga para o que dizem (ou mesmo para o que ele próprio canta), ele é e sempre será católico e temente a deus. Tom Araya é o cara, e o Slayer é a reserva moral do thrash metal!
4 - Rob Halford (Judas Priest)
O Judas Priest é uma banda irrepreensível. Há quem não goste do som da banda, o que é perfeitamente aceitável (até porque gosto, já diz o ditado, é como a nossa cavidade anal, não é?). Mas é impossível não respeitar o som dos caras. Junto com o Black Sabbath, forma a dupla testa-de-ferro do heavy metal pré-NWoBHM, ambas as bandas provenientes da cidade de Birmingham. Rob Halford, um dos maiores e mais conceituados vocalistas do metal de todos os tempos, foi o principal vocalista do Judas durante os mais de 40 anos de carreira da banda, com apenas um hiato entre 1992 e 2004. Neste hiato, Halford assumiu seu homossexualismo. Homossexualidade, grande vocalista... o que o faz melhor que Freddie Mercury, para este ocupar a 8ª posição e Halford, a 4ª? Simples: Halford é um ídolo heterossexual. Sim, você não leu errado: um gay que é simplesmente idolatrado pelos machões héteros que lotam os shows do Judas ao redor do mundo. Digamos que assumir uma postura tão máscula quanto Halford assumiu em sua primeira passagem pelo Judas e, de repente, "jogar" essa reputação "no lixo" com a declaração de que seria homossexual é a coisa mais hétero que um cara poderia fazer.
3 - Varg Vikernes (Mayhem, Burzum)
Do jovem delinquente... |
Paralelamente ao Burzum, Varg tocou no Mayhem, possivelmente a maior banda do Inner Circle. O vocalista do Mayhem, Per Yngve Ohlin (cujo apelido carinhoso era Dead) suicidou-se em 1991 - Dead está morto, que ironia não? Havia uma carta, escrita pelo próprio Dead (que, segundo relatos, era depressivo e fissurado pela morte), pedindo "desculpas pelo sangue derramado". Ele cortou os pulsos e deu um tiro de escopeta em sua própria cabeça, na casa que a banda toda habitava, em uma floresta nas proximidades de Oslo.
O primeiro a encontrar Dead morto (sem trocadilhos) foi o guitarrista do Mayhem, Euronymous, com quem Dead brigava frequentemente. Ao ver a cena, certamente chocante, adivinhem o que Euronymous fez? o mais óbvio possível: foi até Oslo, comprou uma câmera fotográfica, tirou uma foto do defunto e colocou na capa da coletânea Dawn of the Black Hearts, lançada em 1995. Há quem diga, inclusive, que ele foi além: teria arrancado fragmentos do crânio de Dead para fazer um colar, bem como ter feito um frito com os miolos do cara. Gente bizarra...
...ao pescador de bacalhau sem graça |
E é aí que voltamos ao nosso ídolo pescador de bacalhau, Count Grishnachk (ou Varg Vikernes, tanto faz). Lembram do caso do Therion, descrito ali em cima? Adivinhem quem assinou uma carta, enviada quatro dias após o incêndio para Christofer Johnsson? "Olá vítima! Aqui é o Count Grishnachk, do Burzum. Acabo de voltar de uma pequena viagem a Suécia, mais precisamente em um lugar a noroeste de Estolcolmo e acho que perdi um isqueiro e um disco do Burzum, ha ha! Voltarei muito cedo e talvez, desta vez, não os acordarei no meio da noite. Darei uma lição de medo. Somos realmente muito loucos, os nossos métodos são a morte e a tortura. As nossas vítimas morrerão lentamente, devem morrer lentamente." Que amistoso, senhor Varg!
O capítulo final daquele cuja história lembra os defensores dos portões de Valhalla tem a ver com o já citado Euronymous. Em 1993, Varg deu uma entrevista a um jornal norueguês, a fim de divulgar o black metal, que já ganhava notoriedade fora da Noruega, e a loja que Euronymous tinha em Oslo, chamada Helvete (traduzido do norueguês, inferno, como já seria de se suspeitar). No entanto, a entrevista culminou com uma investigação policial, que obrigou Euronymous a fechar a loja e à prisão de Varg, por algumas semanas. Em agosto daquele ano de 1993, Euronymous foi morto por Varg, com 23 facadas, por dinheiro referente ao disco debut do Burzum. Segundo Varg, Euronymous teria o atacado com uma faca, e ele teria retirado uma outra faca, que guardava em sua bota, para matar o guitarrista. Óbvio que Varg foi preso, e pagou 16 anos de sentença. Neste período, ele lançou quatro discos pelo Burzum, um disco pelo Old Funeral e mais quatro livros. E desde então se tornou um cara chato.
2 - Lemmy Kilminster (Motörhead)
Eis aqui um cara que poderia ser taxado facilmente como a materialização da masculinidade. Lemmy é tão tr00 que até o seu estilo vocal rouco transborda testosterona. Eu me arriscaria a dizer até que o trema sobre a letra "o" nos discos do Motörhead (The Wörld is Yours, Infernö, Motörizer) são o que há de mais macho na face da Terra. Baixistas se escondem demais atrás das guitarras? Não Lemmy: o estilo dele de tocar é absolutamente único, com o timbre muito semelhante ao de uma guitarra base - o que gerou desentendimento com quase todos os guitarristas solo que já passaram pelo Motörhead. E as frases do grande Ian Fraser? "Se você acha que está ficando velho para o rock 'n roll, então você está!", "Eu já vi deus quando tomei ácido e posso garantir: o cara é bem mais forte que eu", "Nunca fui para a cama com uma garota feia, mas acordei com algumas delas", e etc. Eu não conseguiria escrever deus com letra maiúscula, mas Lemmy eu poderia muito bem escrever em fonte de tamanho 30!
1 - Joey DeMaio (Manowar)
Dois deste Top 10 aqui assumem que não curtem uma parada assim tão tradicional, digamos assim. Mas o rei dessa lista não poderia ser outro, senão o cara mais hétero da banda mais hétero de todos os tempos. É claro que eu estou falando dos filhos legítimos de Odin, o Manowar, e é claro que eu estou falando do baixista Joey DeMaio. A paródia da banda que sobe ao palco vestidos com maiôs de oncinha e seus corpos másculos besuntados de óleo vegetal (ui!) esconde o verdadeiro propósito de DeMaio e companhia. Qual o propósito?
"Se a dona de uma importante gravadora quiser fazer sexo com você em troca da gravação de um de seus discos, você aceitaria?"
"O faria não pela gravação do disco, mas porque esta é a minha missão na Terra. É a missão de todos os homens."
O Manowar é a única banda que reserva-se o direito de assumir o selo "true heavy metal". E estão em seu direito, protegidos sob a ira do martelo impetuoso de Thor! O Manowar é a banda que assume a forma mais pura do heavy. DeMaio e seus companheiros beberam da fonte proibida próxima da Yggdrasil nórdica. Pra fechar este post com chave de ouro, nada melhor que outra grase do próprio Joey DeMaio:
"Se você procurar pelo flamenco, você pode encontrá-lo em vários países da América Latina. Mas o único flamenco autêntico é aquele da Espanha. Da mesma forma é com o heavy metal: você pode encontrá-lo em várias bandas, mas apenas o Manowar é que detém a sua autenticidade."