sábado, 14 de janeiro de 2012

"vocês não sabem o que estão perdendo"



Quem é a nova geração ouvinte de bom metal pesado? Quando penso com seriedade nesta pergunta, quando tento me livrar dos estereótipos e imaginar que tipo de postura política, ética, filosófica ou crítica norteia esse indivíduo, sinto medo. Medo, pois tudo que vejo é um bando de jovem atrofiado entre a poltrona e o monitor do computador, cidadãos cuja rebeldia se resume a criticar – do alto do santuário de anonimato, máscaras e avatares que a internet tão bem configura – a banda Restart.

Não entendo como pode um indivíduo novo e repleto de perspectivas, alguém em cuja pouca idade o mundo deposita suas esperanças de tempos melhores, permanecer intacto no aconchego da residência enquanto o mundo acontece lá fora. O desabafo de Edu Falaschi, relevada sua mentalidade infanto-juvenil, goza de algum fundamento: a queda de público mais jovem nos shows das bandas nacionais é uma realidade preocupante. Quem não vai aos shows enfraquece a cena musical brasileira e não tem direito algum de cobrar melhores trabalhos dos artistas.

Quem barganha a incrível oportunidade do contato humano pela exposição a um tela-plana sem graça, está lentamente cavando a cova do metal nacional e fazendo sumir as bandas de menor expressão responsáveis pela manutenção da cultura metálica Brasil afora. Aqui o adjetivo “menor” contrasta com o tamanho da garra exibida pelos caras, a paixão que os leva a botarem o pé na estrada ofertando concertos a preços módicos e tomando prejuízo atrás de prejuízo só porque nossos meninos-machos-true-metal-críticos-de-orkut têm medo de vento.

Frequentar os shows não é uma ação de caridade para retardar o envelhecimento de um som que se tornou moribundo nos anos oitenta. Existe bom e variado metal sendo feito em vários cantos deste país e cabe a nós curtirmos absurdamente isso tudo. É inadmissível que em complexos urbanos com milhares, milhões de habitantes, não haja duas centenas deles dispostos a lotarem uma casa na beira da estrada e curtirem um som técnico, forte, de alto nível, executado ao vivo, sem playback, sem frescuras.

Os membros da Restart não têm um pingo de responsabilidade sobre a peça de museu em que está se tornando o metal nacional. Os culpados somos todos nós, loucos da cabeça apaixonados por som desgraçadamente bacana, que não fazemos jus à proporção de nosso amor.