sexta-feira, 27 de maio de 2011

queensrÿche - the warning (1984)


Da esquerda para a direita: Chris DeGarmo (guitarra), Micheal Wilton (guitarra),
Geoff Tate (vocal), Eddie Jackson (baixo) e Scott Rockenfield (bateria)




Esta banda de Seattle ousou trazer para o cenário metal muito da inteligência conceitual que estava limitada às cabeças do rock progressivo. Esta mesma inteligência, ora capaz de catapultar os Queensrÿche entre as grandes promessas do início dos anos oitenta, criou um abismo entre os materiais que produziam e o que a mídia esperava deles. Jamais fizeram a linha underground, pelo contrário, a carreira só deslanchou mesmo quando fizeram uso de clipes até certo ponto ridículos e comuns para formações de heavy tradicional da época, especialmente formatados para transmissões na televisão. Com o passar dos anos, seus trabalhos se tornaram cada vez mais intimistas e menos atrativos para boa parte do público que cativaram.

Para quem legou à humanidade o estupendo The Warning, não há crítica mordaz que resista. Os caras se reservam ao direito de lançar outros cinquenta álbuns fraquíssimos, como foram os seus últimos, ou piores e, ainda assim, podem se gabar da autoria de um dos melhores trabalhos de rock de todos os tempos. Em vez de experimentalismos, quebras manjadas na fórmula de compasso e virtuosismos deslocados, The Warning refuta muitos dos caminhos que as gravadoras perigosamente ditavam à moda progressiva na ocasião e prova que era possível aliar inteligência, peso e sensibilidade dentro de um mesmo bolachudo.

A começar pelo inegável talento do jovem vocalista Geoff Tate, a quem, com a humildade que todas as listas e rankings carregados de achismos merecem, considero o maior vocalista de metal em todos os tempos. Quando ouvi este som pela primeira vez, meu queixo desceu ao pé com as modulações que ele conseguia imprimir alcançando cada nota com brilhantismo numa extensão raríssima de notas, inclusive entre os cantores de formação clássica. Como se não bastasse, o disco é extremamente bem composto (Chris DeGarmo é soberbo nesse quesito), bem tocado e quase nunca recorre aos vícios comerciais que facilitam a ascensão da carreira de um artista.

Um exemplo disso é que as faixas apresentam um baixo grau de parentesco entre si, chegam a parecer retalhos de álbuns diferentes que foram reunidos num só. Prova de que muitas ideias jorraram até confeccionarem aquele disco tão repleto de detalhes, tão próximo e tão diferente do que a cena costuma ofertar. Mesmo versando sobre temas diversos – de uma provável alusão à investida comunista no Oriente ao pensamento mecanicista tipificado em linguagem de programação – é possível encontrar uma unidade de pensamento que emerge ao longo do disco, o fiel retrato de uma geração que trabalhou feito poucas a psicodelia, a política e a tecnologia.

“Punch, punch, punch! Transfer this data into code."

Track List
1. Warning
2. En Force
3. Deliverance
4. No Sanctuary
5. NM 156
6. Take Hold of the Flame
7. Before the Storm
8. Child of Fire
9. Roads to Madness
10. Prophecy

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